Artes Robótica
Centenas de artistas ao
redor do mundo utilizam as novas tecnologias como
ferramenta para expressão e análise cultural. O professor Marc Bohlen, da
Universidade de Buffalo (Estados Unidos) é um desses engenheiros-artistas que
utilizam os robôs como forma de expressão de sua arte. O trabalho do Dr. Bohlen
combina o enfoque estruturado da investigação científica com a intuição
artística.
Entre as obras do
professor estão desde robôs capazes de conviver amistosamente com galinhas,
plantas robóticas que se movimentam de acordo com o conteúdo de e-mails, até
uma mesa de jantar que transforma os acontecimentos ao seu redor em jogos e câmeras de vídeo que monitoram
plantas raras.
Bohlen vê a arte no
contexto da história das tecnologias de automação. Elas foram inventadas com a
expectativa de melhorar o dia-a-dia das pessoas o que, em sua visão, é
alcançado de certa forma.
"Nossa
inquestionável busca de eficiência, entretanto, tornou-nos escravos da
automação," afirma ele, ressaltando um ponto já levantado por artistas de
meados do século XIX. "Por meio de nossa grande inventividade e
persistência, nós separamos nós mesmos das ameaças de nosso ambiente natural.
Em meu trabalho, eu tento contradizer as preconcepções de que a mediação
técnica é, por uma prática que é poeticamente inspirada, radical e tecnicamente competente."
Para isso, Bohlen
constrói robôs cujas funções contradizem seus objetivos práticos. Mas, façam ou
não alguma coisa de útil, suas máquinas aguçam a curiosidade de quem interage
com elas.
O projeto
"Unseen" (invísivel), por exemplo, utiliza um sofisticado aparato de
visão de máquina ("machine vision") com múltiplas câmeras para
observar em tempo real plantas endêmicas de uma região. Um equipamento de
última geração, hoje utilizado nas fábricas mais modernas para buscar defeitos em produtos em
uma velocidade impossível de ser alcançada pelo ser humano, transforma-se em um
paciente observador de plantas nativas crescendo, outra escala também não
visível para um humano ocupado com seu dia-a-dia.
O projeto "Advanced
Perception" (percepção avançada) adentra na área da convivência dos
humanos em um mundo rodeado por máquinas cada vez mais inteligentes. O artista
faz sua pesquisa utilizando não humanos, mas galinhas. O robô, de tornar
boquiaberto qualquer aficionado por robótica, possui um avançado sistema de
reconhecimento visual, capacidade para movimentos suaves e planejados e
conhecimento de biologia galinácea que o faz capaz de dividir o espaço com as
galinhas sem assustá-las. A última palavra da tecnologia para construir um robô
"chicken friendly".
"Eu escolhi as
galinhas para esse gentil experimento em razão de sua melancólica história como
'especialista' em viver sob miseráveis sistemas automatizados utilizados pela
indústria alimentícia," explica Bohlen.
O artista-engenheiro
experimentou por meses com o projeto, adicionando códigos de programação para a
máquina de forma que ela se tornasse menos assustadora para as galinhas,
respeitando sua área de alimentação, sabendo quando se mover por meio dos sons
detectados e nunca se chocando com uma das "participantes" da
experiência.
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