quarta-feira, 16 de novembro de 2011


Artes Robótica
Centenas de artistas ao redor do mundo utilizam as novas tecnologias como ferramenta para expressão e análise cultural. O professor Marc Bohlen, da Universidade de Buffalo (Estados Unidos) é um desses engenheiros-artistas que utilizam os robôs como forma de expressão de sua arte. O trabalho do Dr. Bohlen combina o enfoque estruturado da investigação científica com a intuição artística.
Entre as obras do professor estão desde robôs capazes de conviver amistosamente com galinhas, plantas robóticas que se movimentam de acordo com o conteúdo de e-mails, até uma mesa de jantar que transforma os acontecimentos ao seu redor em jogos e câmeras de vídeo que monitoram plantas raras.
Bohlen vê a arte no contexto da história das tecnologias de automação. Elas foram inventadas com a expectativa de melhorar o dia-a-dia das pessoas o que, em sua visão, é alcançado de certa forma.
"Nossa inquestionável busca de eficiência, entretanto, tornou-nos escravos da automação," afirma ele, ressaltando um ponto já levantado por artistas de meados do século XIX. "Por meio de nossa grande inventividade e persistência, nós separamos nós mesmos das ameaças de nosso ambiente natural. Em meu trabalho, eu tento contradizer as preconcepções de que a mediação técnica é, por uma prática que é poeticamente inspirada, radical e tecnicamente competente."
Para isso, Bohlen constrói robôs cujas funções contradizem seus objetivos práticos. Mas, façam ou não alguma coisa de útil, suas máquinas aguçam a curiosidade de quem interage com elas.
O projeto "Unseen" (invísivel), por exemplo, utiliza um sofisticado aparato de visão de máquina ("machine vision") com múltiplas câmeras para observar em tempo real plantas endêmicas de uma região. Um equipamento de última geração, hoje utilizado nas fábricas mais modernas para buscar defeitos em produtos em uma velocidade impossível de ser alcançada pelo ser humano, transforma-se em um paciente observador de plantas nativas crescendo, outra escala também não visível para um humano ocupado com seu dia-a-dia.
O projeto "Advanced Perception" (percepção avançada) adentra na área da convivência dos humanos em um mundo rodeado por máquinas cada vez mais inteligentes. O artista faz sua pesquisa utilizando não humanos, mas galinhas. O robô, de tornar boquiaberto qualquer aficionado por robótica, possui um avançado sistema de reconhecimento visual, capacidade para movimentos suaves e planejados e conhecimento de biologia galinácea que o faz capaz de dividir o espaço com as galinhas sem assustá-las. A última palavra da tecnologia para construir um robô "chicken friendly".
"Eu escolhi as galinhas para esse gentil experimento em razão de sua melancólica história como 'especialista' em viver sob miseráveis sistemas automatizados utilizados pela indústria alimentícia," explica Bohlen.
O artista-engenheiro experimentou por meses com o projeto, adicionando códigos de programação para a máquina de forma que ela se tornasse menos assustadora para as galinhas, respeitando sua área de alimentação, sabendo quando se mover por meio dos sons detectados e nunca se chocando com uma das "participantes" da experiência.



 Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010180031211
Por Barbara Schiavon

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